É inegável a importância e a influência das emoções na vida do ser humano. Na educação isso não é diferente. Em um espaço social diverso quanto a escola, o dia a dia de um estudante é permeado por um fluir contínuo de emoções.
A rotina escolar demanda o trabalho em equipe, lidar com frustrações, negociar, discutir regras, reconhecer ansiedades, angústias e medos. E o que fazer com todas essas sensações se a preocupação da escola estiver exclusivamente direcionada para a apreensão de conteúdos, construção do raciocínio lógico e boas notas como resultado?
Alinhado à concepção da educação integral – que entende o sujeito como global, plural e singular – as práticas pedagógicas precisam estimular a formação das crianças quanto ao aprendizado, reconhecimento e interpretação das emoções que vivenciam. Por isso a importância da Alfabetização Emocional. Neste artigo, entenda o conceito e sua importância. Boa leitura!
Alfabetizar é um termo comum quando pensamos em uma determinada etapa escolar direcionada para o aprendizado da leitura e da escrita, não é mesmo? Mas, o significado do verbo vai além desse processo de proficiência da língua, e diz sobre a prática de instruir alguém em um determinado assunto.
Agora, pense em uma rotina de sala de aula. É bem provável que você já tenha se deparado com um aluno com os batimentos cardíacos acelerados antes de uma prova. Ou ainda brigas e discussões e culminam em um choro incontido. Esses alunos saberiam reconhecer, nomear e avaliar os seus próprios sentimentos?
Essa é a função da alfabetização emocional: permitir que as crianças e jovens saibam o que são as emoções, quais funções têm e como podem identificá-las. Trata-se do estímulo à transição entre o estado orgânico ou natural dos sentimentos para sua etapa cognitiva racional. Ou seja, perceber, entender e descobrir formas saudáveis de exprimir e lidar com as emoções. E, além disso, reconhecer que outras pessoas sentem coisas semelhantes.
Ser emocionalmente alfabetizado é tão importante no processo educacional quanto os aprendizados cognitivos de leitura e escrita. Por isso, cada vez mais as emoções ganham espaço nas práticas pedagógicas.
A educabilidade emocional tem objetivos claros: assegurar que as crianças desenvolvem a capacidade de entender, reconhecer e expressar as emoções. Mas, além de aprender a classificá-las, a alfabetização emocional tem uma perspectiva integral de formação.
Reconhecer emoções em si e nos outros potencializa o desenvolvimento de habilidades intrapessoais (relacionadas ao autoconhecimento, autocontrole e automotivação) e as interpessoais (como empatia, cordialidade e colaboração). Entender as causas e consequências das emoções assegura uma atitude positiva diante da vida, com tolerância às frustrações, aceitação e resiliência, por exemplo.
Saber expressar adequadamente os sentimentos em diferentes contextos cria e melhora os relacionamentos. Dessa maneira, a alfabetização emocional facilita o conhecimento de si mesmo e as relações com os demais, com impacto direto nas dimensões intelectual e social dos alunos.
Regulando efetivamente as emoções é possível assegurar na formação do aluno competências que vão do altruísmo à coragem. O aprendizado passa efetivamente pelo estímulo aos pensamentos criativos, para as construções de independência e autonomia desses estudantes.
Os benefícios da alfabetização emocional são inúmeros. Identificar, compreender e expressar as emoções tem impacto na performance acadêmica e na qualidade dos relacionamentos sociais. Estudos apontam que alunos emocionalmente alfabetizados tem, em geral, menos problemas de atenção e aprendizado, além do aumento na criatividade e motivação.
O autocontrole emocional permite o manejo bem sucedido de tarefas escolares, melhorando, inclusive, o comportamento dos alunos em sala de aula. Além disso, a maturidade emocional diminui a ocorrência de problemas de relacionamento, como as brigas e o bullying.
Vale destacar que as crianças não são as únicas que se beneficiam deste processo. O ambiente escolar e das salas de aula se tornam mais positivos, com relacionamentos saudáveis, disposição para gestão de problemas e uma fácil adaptação aos possíveis desafios do dia a dia.
A alfabetização emocional não deve ser uma preocupação específica de uma disciplina. É preciso que a escola se debruce sobre o Projeto Político Pedagógico para considerar esse processo educativo em um contexto contínuo e permanente.
Isso significa refletir sobre a real função da escola na vida do aluno. Todos os momentos da jornada educativa precisam levar em conta a educação emocional, sem segmentar esse processo em aulas, matérias ou conteúdos.
A alfabetização emocional amplia nossa visão acerca do que é a escola, explicitando-a como um agente da sociedade encarregado de constatar se as crianças estão obtendo os ensinamentos essenciais para a vida – isto significa um retorno ao papel da educação. Esse projeto maior exige, além de qualquer coisa específica no currículo, o aproveitamento das oportunidades, dentro e fora das salas de aula, para ajudar os alunos a transformar momentos de crise pessoal em lições de competência emocional. (GOLEMAN 2001, p. 294)
Um ensino voltado para aspectos emocionais entende que o aprendizado é um fenômeno intelectual e a aprendizagem é um fenômeno emocional. Ou seja, o aprendizado é produto, a aprendizagem é o processo.
Na prática, educar emocionalmente as crianças e jovens pode acontecer por meio de contação de histórias, dinâmicas, tradicionais rodas de conversa, filmes, jogos. Vai depender da faixa etária e das intencionalidades pedagógicas.
Ao determinar as competências socioemocionais como parte do currículo das escolas brasileiras – inclusive escolas públicas -, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) permitiu um grande avanço para o desenvolvimento da educação das emoções. Quer saber mais? Baixe o e-book gratuito Socioemocional segundo a BNCC:
Mesclando qualidade emocional e social à qualidade científica, a Pedagogia Afetiva soma ao material pedagógico o trabalho de habilidades socioemocionais e as contribuições dos estudos de neurociências, de correntes educacionais e de estudos contemporâneos.
Buscando o desenvolvimento cognitivo por meio das interações afetivas, essa proposta educacional torna a aprendizagem mais agradável e significativa. Ela trata de maneira conjunta temas como conhecimento, autonomia e responsabilidade, além de buscar desenvolver valores como a solidariedade, respeito, cidadania, criticidade, sensibilidade e criatividade.
A importância da abordagem pedagógica voltada para a Pedagogia Afetiva está justamente em edificar valores nas crianças e jovens. Seu foco está na formação humana, com o compromisso de preparar cidadãos responsáveis e capazes de exercer um papel ativo na sociedade.
Agora que você já conhece a importância da alfabetização emocional, é necessário destacar que essa formação se trata de um processo pedagógico e familiar. Ou seja, o processo de educar as emoções pode começar no âmbito escolar, mas é imprescindível que toda a família crie oportunidades para conversar sobre sentimentos.
Para potencializar esse processo, preparamos uma ferramenta exclusiva para que educadores, pais e responsáveis possam desenvolver a formação socioemocional das crianças. O Termômetro das Emoções da Liga da Afetividade ajudará os alunos a identificarem seus sentimentos, aumentando seu repertório emocional e comportamental.
Com o Termômetro das Emoções será possível estimular o desenvolvimento cognitivo por meio das interações afetivas, tornando a aprendizagem mais agradável e significativa. Imprima a ferramenta e ajude as crianças a detectarem de forma rápida e fácil suas emoções básicas. Com os super-heróis da Liga da Afetividade, as competências socioemocionais são trabalhadas de um jeito lúdico e divertido!
Referência: GOLEMAN, D. Inteligência emocional: a teoria revolucionária que define o que é ser inteligente. 45. Ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.